quarta-feira, 14 de agosto de 2013

# Ascot: Day 1


Sábado. Eram 6 da manhã, já eu me tinha despedido dos meus pais e da minha irmã que me foram deixar, já tinha passado pelo controlo de passageiros e estava sozinha, por minha conta, no aeroporto à espera.
Junto à minha porta de embarque estava um rapaz também sozinho, loiro, olhos claros e bem parecido. Pelo que eu consegui ler no passaporte dele (shame on me) parecia ser da Irlanda ou Nova Zelândia. A minha aposta é Irlanda porque ele foi no meu voo, umas filas à frente e era um voo de ligação. Não pensem que sou uma stalker, só me pus a sonhar que ele também fosse para o mesmo sítio que eu e estava apenas a verificar!
Voltando ao embarque, foi um misto. Por um lado, estava apreensiva se tinha os papéis comigo, tudo em ordem mas por outro, viajar sozinha deixou-me com uma sensação que não vos sei descrever. Uma sensação de autonomia, de uma certa independência, de auto-realização, whatever. Não vos sei precisar.
No avião não tive ninguém sentado junto a mim e o voo foi rápido. Mais uma vez fui preenchida por um nervosismo/entusiasmo no momento de aterragem e dirigi-me ao tapete da bagagem porque a minha única preocupação nem era que me fosse perder ou que me acontecesse alguma coisa, era mesmo ter a minha mala comigo. Depois dirigi-me à zona onde as pessoas são esperadas e aí senti-me um pouco perdida porque a senhora, Naomi, que me foi lá buscar não estava nem com um cartaz com o meu nome como era suposto nem estava com o símbolo da escola à vista e eu é que tive que andar um bocado à procura dela.
A Naomi deixou-me com o táxi mas ela ficou no aeroporto porque tinha mais alunos para receber. O taxista que me levou até à escola não disse literalmente uma única palavra e nem tinha o rádio ligado por isso limitei-me a mergulhar no silêncio e olhar em volta. Para começar, o tráfico é diferente e o facto de ser trocado, condutor à direita e carro à esquerda, foi um bocado estranho.
Quando cheguei à escola conheci Snezana (lê-se Snejana), a chefe da minha casa e deixei as coisas no meu quarto. Existem duas casas para raparigas e uma para rapazes no lado oposto do campus. Aquilo é realmente uma escola durante o ano e os alunos ficam lá naquelas casas, cada quarto tinha plaquinhas na porta com os nomes dos verdadeiros residentes, por assim dizer. Foi nesse momento que recebi algumas instruções para a minha estadia e uma delas foi: horários!

7:30 da manhã- hora de acordar e levantar, a Snezana entrava pelos nossos quartos, dizia "Good morning girls, time to get up!", abria as cortinas e ía aos outros quartos. Ela não era mal disposta ou bruta mas não era propriamente muito simpática, por isso pronto.
8:00 da manhã- hora de tomar o pequeno-almoço na cantina e a casa fecha por isso levar a esta hora todo o material necessário para as aulas da manhã
9:00 da manhã- aulas de inglês
10:30 da manhã- intervalo e abrem um espaço onde podemos usar computadores (se estiverem disponíveis) e comprar bolachas ou batatas fritas ou gomas ou assim, que eles vendem
11:00 da manhã- de volta às aulas
12:30 da manhã- almoço na cantina
1:00 da tarde- a casa abre e a sala dos computadores também
2:00 da tarde- a casa fecha, a sala dos computadores fecha e temos de estar no pavilhão para marcar presença e começarem as actividades da tarde
5:00 da tarde- acabam as actividades, a casa abre
6:00 da tarde- a casa fecha, horas de jantar na cantina
6:30 da tarde- a casa abre
7:00 da tarde- a casa fecha, hora das actividades da "noite"
9:00 da noite- acabam as actividades, a casa abre
10:00 da noite- temos de estar no nosso quarto para a Snezana marcar lá um ü no nosso nome
10:30 da noite- hora (supostamente) de apagar as luzes

Depois levou-me para o pavilhão e conheci um grupo de raparigas. A Anna da Rússia, a Lena e a Antonia da Alemanha, a Barbara da França e a Raquel de Espanha. Foram elas que me acolheram por assim dizer, não me senti totalmente integrada mas foram simpáticas comigo. Mais tarde conheci a minha colega de quarto Etienette e a irmã Caprice, ambas alemãs e a colega de quarto da Caprice, a Francesca de Itália. Como era Sábado, à tarde pudemos fazer o que queríamos e tivemos a oportunidade da sala de computadores estar aberta. Eu só não vos disse nada este tempo todo porque o blogger carregava, carregava, carregava mas não abria. Ah e nem vos digo nada sobre o teclado inglês. Que atrofio. Ter os símbolos em lugares diferentes tudo bem mas eu tenho um sério problema com o português, faz-me imensa confusão português mal escrito e lá eu não consegui colocar acentos nas palavras. Conclusão, cada conversa que eu tinha sentia que estava a assassinar o meu rico português e já estão a ver a cena mas pronto, tive que me habituar porque era a única forma.
Nessa tarde antes de irmos para a sala de computadores, tivemos uma prova de orientação em equipas e foi muito chato porque havia lá três grandes grupos: russos, alemães e franceses. E eles falam imenso uns com os outros na língua deles e eu claro que fico a apanhar bolachas, o que não é nada simpático. Ainda por cima eu tinha acabado de lá chegar, não conhecia praticamente ninguém da minha equipa e nem conhecia a escola. Conclusão, eu decifrei três pistas correctamente mas eles não me deram ouvidos e por isso demorámos mais tempo que as outras equipas. A questão nem foi não termos ganho, foi eu estar certa e eles partirem do principio que não. Fiquei chateada por isso. E é que lembro-me perfeitamente, a primeira pista era "a place where you land after a hop, step and jump". A primeira coisa que me ocorreu foi logo triplo salto e perguntei se lá na escola tinham alguma caixa de areia, uma pista de atletismo, algo do género. E nada. Afinal existia sim mas eles decidiram que aquilo referia-se à piscina. Outra pista era "where you can wear customs, caps and goggles" e eu não sabia ao que se referiam com caps mas sabia que goggles são os óculos da natação e mais uma vez insisti em como achava que era óculos de natação e os fatos de banho logo seria a piscina mas eles gostaram da ideia de que se tratava do teatro. E pronto, Joana indignada. Mas nem dei mais importância.
Nesta primeira noite fomos a Chorleywood ter uma Disco Party mas eu estava cansada (afinal só dormi 4 horas nessa noite) e não foi lá muito divertido.
Aquilo às vezes chega a ser bastante aborrecido, ao ponto de elas jogarem bowling com garrafas e uma bola de meias no quarto, e eu estava cheia de saudades dos meus amigos ingleses. Para não falar de que estava a perder o meu sol cá em Portugal.

XOXO,
Joana when in England

2 comentários:

Sofia Costa disse...

Espero que, apesar desse aborrecimento de vez em quando, tenhas conseguido visitar um pouco da cidade e sentir o ambiente britânico, que é fantástico. Quando visitei Londres com a escola (ficámos em casas de "familias de acolhimento temporário" que nos davam guarida à noite e as refeições base), lembro-me das emoções que senti ao chegar lá, mas acho que aquilo que mais guardo comigo é o ritmo do país, as pessoas, a arquitetura, a correria, entre outros... É uma cidade linda!
Fico à espera dos próximos dias :)

ann disse...

Obrigada Joana! E ja li o teu primeiro dia. Reparei que houve algo que nao correu tao bem, mas espero que isso nao te tenha privado de aproveitares todas as emoções que sentiste. Tenho a certeza que deve ser entusiasmante esse tipo de experiência, e isso vale sempre mais que tudo o resto. Fico à espera de mais! Beijinho