quinta-feira, 9 de maio de 2013

# I Doubt It



Era uma tarde agradável e reconfortante, os meus passos lentos e confinados eram seguidos por uma brisa suave e quente que pairava no ar. Ao longe no horizonte, o Sol descia como que a preparar-se para assentar adormecido e dar lugar à Lua, sua amada proibida. Eu caminhava para ti e trazia vestidos os calções que sempre adoraste, levando nos meus braços o teu livro preferido e os teus óculos de sol de estimação que, sejamos sinceros, estabelecem comigo a relação perfeita. Não ias gostar de saber mas tenho dormido pouco e mal, por isso os meus olhos denotam o cansaço que me preenche ou talvez esvazie, como algo furado. Sei que se estivesses comigo não o irias permitir e confesso que também não me tenho alimentado. Não é nada como a mania das dietas, apenas não tenho tido apetite e sei que é errado. Contrariamente ao que seria de esperar, não me sinto tão fraca como no inicio. E com o tempo, ganhei mais à vontade e já não me custa a respirar ao atravessar estes jardins inertes. Até consigo ver mais do que um ambiente desfalecido, já vejo isto como um ambiente belo na sua plena serenidade.
Paro diante do teu sepulcro e sento-me à sombra do cipreste que te resguarda dia e noite. Leio para ti, olho para o céu repleto de nuvens e imagino-te de novo a meu lado. Nunca foste seguro de ti ou das tuas escolhas, nunca arriscaste e por isso fico triste que não tenhas dado vivacidade à tua existência, tragicamente curta. Todas as vezes que aqui venho, relembro as tuas palavras de eleição. Eu duvido. Palavras essas que proclamavas face a qualquer adversidade. Palavras essas que te demoviam de te tornares um lutador. Palavras essas que te cercaram e te mantiveram fechado na tua zona de conforto. Palavras essas que acompanharam a tua vida e te continuarão a acompanhar agora e para sempre, gravadas na tua lápide, pois não faria sentido de outra forma. Relembro estas palavras e renovo-te todos os dias a promessa que fiz. Os teus erros não serão os meus erros, os teus medos não serão os meus medos e assim dou à tua vida o valor que tu nunca deste. Eu não vou enfraquecer intimidada com as decisões que tenho de tomar e eu vou perseguir os meus sonhos, mas eu não duvido de que deverias viver isto comigo.

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