quinta-feira, 5 de setembro de 2013

# Ascot: Day 3

                                        Nota: esta era a cadeirinha e aquele é o Stuart, bem como a Karina a olhar para a câmara

Segunda-Feira. Hoje custou-me mais a levantar, parece que a noite passou mais depressa e não descansei tanto. Ao pequeno-almoço ía ficando mal disposta, não sei como é que conseguem comer ovos e feijão logo de manhã. Eu fiquei-me pelas torradas e leite. E um momento engraçado foi que eu cruzei-me com o meu professor e ele disse literalmente "bom dia" e a minha resposta foi automática, só depois de ele desaparecer para a mesa dele num segundo é que eu processei a situação e fiquei de sorriso na cara. Não sei se já referi mas eu era a única portuguesa, tive o azar de um português também solitário ter ido embora no dia anterior à minha chegada e eu só soube isso mais tarde quando me falaram dele, Bernardo. Portanto, aquelas foram as únicas palavras em português que eu ouvi nas duas semanas inteiras.
As aulas passaram bem e do almoço nem vos falo. A massa não sabe a nada e basicamente comi alface e melancia. Quer acreditem, quer não, muitas das minhas refeições foram só isso.Não quero rebaixar a cozinha inglesa mas não sei se eles conhecem algo a que chamamos condimentos. Até podia confessar que se calhar sou eu que sou muito esquisita mas era a opinião geral e no inquérito que nos faziam do que podiam melhorar, comida era o único tópico falado. A sorte é que eu fui preparada para lá. No meu quarto, o meu canto esteve sempre arrumado e na parte debaixo da cama havia gavetas. Numa compartição eu guardei a mala de viagem, numa gaveta ficou a roupa interior e na outra gaveta era a minha mini despensa. Bolachas, fruta,... Foi a minha salvação!
Às 2 da tarde fui para a natação, porque antes das aulas fui ao escritório e mudei a minha actividade. Sabem uma coisa? Melhor decisão de sempre! As actividades da tarde eram das 2 às 5, então nós tínhamos uma hora de natação "a sério" e duas horas a relaxar, a fazermos o que quiséssemos na piscina. O professor chamava-se Stuart, já competiu tal como eu, 22 anos, irlandês, moreno de olhos azuis claros. Muito simpático e até quis que eu lhe ensinasse algumas palavras em português. Gostei mesmo dele, falava comigo e adequava as tarefas para as minhas capacidades. Não para me fazer superior mas obviamente que eu tenho capacidades que miúdos que mal metem os pés numa piscina para nadar a sério não têm. Ah e não dividia as pistas com igual número de nadadores, o que foi muito bom. Tinha lá 4 russos, 1 alemão e uma espanhola, a Manuela que ficou lá as 6 semanas inteiras de curso, esteve lá desde o inicio. Ela tinha uma pista só para ela, eu dividi a minha com o alemão e os russos ficavam nas outras duas. O alemão era o Marek e tinha 15 anos, loiro de olhos azuis. Ele estava com algumas dificuldades e assim a primeira vez que falei com ele foi para lhe dar palavras de incentivo e tornar aquela hora um pouco melhor para ele porque não era o seu meio e achei que se fosse ao contrário, eu gostaria de alguém que mostrasse simpatia.
Havia também uma russa, a Karina, de apenas 10 ou 11 anos e uma autêntica pestezinha hiperactiva. Quando começámos a aula e ela decidiu reparar em mim, perguntou-me de onde é que eu era e a segunda pergunta foi se eu falava russo. Há que salientar que as primeiras perguntas entre toda a gente eram: "de onde vens?", "qual é o teu nome?" e eventualmente "quantos anos tens?". Depois dependendo das pessoas, travavas uma conversa e perguntavas coisas sobre as suas vidas bem como respondias às questões que te colocavam ou então demonstravam total desinteresse em saber mais e pronto. O que me chegou a acontecer e deixava-me frustrada porque eu queria falar com as pessoas, não para me intrometer mas para travar conhecimentos e poucos estavam na minha onda. Foi a única vez que eu e a Karina tivemos uma troca de vocábulos e só um aparte, ela ficou de castigo umas quantas vezes. Outro ponto a salientar é que os russos têm um alfabeto diferente, o alfabeto cirílico, e eu atribuo a isso a questão de eles falarem maioritariamente em russo uns com os outros e em vez de actividades terem inglês intensivo e não conseguirem estabelecer bem uma conversa ou sequer mostrar interesse porque não sabem como comunicar. Pelo menos eu quero acreditar nisso porque não posso levar a mal nem a nível pessoal, para além de que sendo de outras idades estão-se a borrifar para a troca de culturas e só se querem divertir com os amigos.
Avançando, assim que acabou a hora de natação a sério, Stuart lançou na água algumas bolas e colchões e é óbvio que eu me lancei logo a um, nadando até à borda da piscina do lado dos vidros e fiquei lá parada a tentar apanhar os pobres raios de sol que sorriam para mim ao tentar afastar as nuvens. Eu quase que diria que ganhei um complexo porque eu todos os verões fico imensamente bronzeada, mesmo preta, e este ano já fui para lá o que eu considero não muito bronzeada e é óbvio que não era lá que ia melhorar isso, então estava sempre à borda da piscina e quando me perguntavam para quê, eu dizia sempre que não queria perder o meu bronze. Apesar de que eu era a mais bronzeada e o Stuart dizia-me sempre a rir "Perder o bronze? Olha lá para mim, eu é que não tenho bronze nenhum". Agora podem estar a pensar "que anti-social, na borda da piscina sozinha" mas na realidade eu não queria intrometer-me e não conhecia nenhum dos russos por isso ficava ali e pensava na vida e falava com o Stuart quando ele passava por lá ou se sentava na sua cadeira de nadador salvador. Entretanto, eu estava muito bem deitadinha no colchão na água e de repente aparece o Pascha a sorrir junto a mim, enquanto o Nikkita vai por baixo de água e me vira o colchão. Nós já tínhamos trocado sorrisos/olhares durante a primeira hora mas não tínhamos falado, excepto o Nikkita que efectivamente já tínhamos trocado umas frases em relação ao treino. E bem, Pascha é um diminutivo para Pavel que é o seu verdadeiro nome (eu só descobri isto nos últimos dias) e é o goofy russian guy super alto da minha idade (how shocking, pelo menos alguém) mas que não sabe falar muito inglês e o Nikkita é mais atlético e nadava bastante bem até, tinha 15 anos e safava-se no inglês. Das 4 às 5 normalmente vinham sempre mais alunos da parte das multi-actividades ou porque tiveram um bónus ou something e juntou-se outro rapaz a eles. Bem como chegou o Loris, um rapaz suiço de 15 anos que ao falar alemão se tornou grande amigo do Marek (e também era loiro de olhos claros). Novamente, estava eu muito bem a apanhar sol no colchão no mesmo local e chegaram os ditos cujos. Colocaram um colchão por cima de mim e fizeram assim uma sandwich portuguesa, até que tiveram a brilhante ideia de a tornar internacional então fizeram-me um mega moche no colchão dentro de água. Foi engraçado e tanto isso como os virar do colchão eu não levei a mal e ri-me e entrei nas brincadeiras. Entretanto eu estava deitada no colchão e decidiram pegar nas pontas e levar-me a passear, eu claro que agradeci e foi aí que perguntei nomes e idades (já sabia que eram russos) e o rapaz que se tinha juntado a eles chamava-se Philippe. Entretanto eram 5 horas e após tomar um banho, regressei à casa onde me deitei a relaxar uns minutos até termos de ir jantar. E foi fazer a festa porque o jantar foi chickenburger! Thank you lord.
Após o jantar, fomos jogar Bowling! E foi a minha primeira vez, eu estava algo nervosa e acabou por ser bastante interessante. De manhã tínhamos assinado o nosso nome em grupos e como eu fui a última da turma a preencher já não tinha espaço na lane deles então fiquei com gente que eu ainda não conhecia e foi divertido. Depois regressámos à escola e fomos para os respectivos quartos porque já tínhamos chegado tarde e era hora do check in.

XOXO,
Joana when in England

2 comentários:

łnn Gray disse...

Oh, Joana, desculpa não te ter avisado, costumo avisar por comentário para vocês verem como ficou mas os Domingos têm sido atribulados e nunca estou cá na hora em que é publicado. Desculpa, espero que tenhas gostado!!! :)

M. disse...

Nem penses mesmo, é só trabalho! :p