terça-feira, 9 de julho de 2013

FIA

Hoje (dia 8) fui à FIA, a Lisboa, com os meus pais e a minha irmã. Estes dias têm sido de imenso calor mas lá dentro estava fresquinho e agradável. A certa altura, num local mais espaçoso, uma tuna académica (fui pesquisar e encontrei, era a Cruzituna!) formou um semi-círculo e começaram a entreter as pessoas que por ali passavam. Eu e o meu pai ficámos logo presos àquele local e foi do início ao fim. É um espírito e um ambiente cativante, sem dúvida. O momento que mais me marcou foi quando todos largaram os seus instrumentos e fizeram o coro para um rapaz que se destacou colocando-se no centro, juntamente com um companheiro a tocar aquilo que será uma guitarra ou uma viola, com o intuito de cantar uma serenata. Não era a uma rapariga específica mas a meio da música, ele começou a fazer sinais para arranjar uma menina que se dirigisse até ele. Fez sinal a uma criança, mas esta abanou a cabeça em sinal de recusa. Fez sinal à minha irmã e ela também recusou envergonhada. Não haviam mais crianças lá paradas e por isso ele deu-se por vencido, isto claro continuando com a "performance". A certo momento, uma pequenina aparece no panorama. Loirinha, com duas tranças e linda que ela era, começou a caminhar timidamente para o centro do semi-círculo. Ela aparentava ser estrangeira e devia ter os seus 4 ou 5 anos talvez, por isso eu assumo que ela não estivesse a perceber o que se passava, mas foi simplesmente lindo. Assim que o rapaz reparou, expressou um grande sorriso, esticou o braço para que ela continuasse a caminhar, baixou-se, abraçou-a e de joelhos, pegou na mão da pequenina e cantou-lhe o resto da serenata. Foi tão querido e um momento encantador. No fim, ele voltou a abraçá-la, ela voltou timidamente para junto dos pais e o rapaz parecia estar de lágrima no canto do olho. Ele emocionou-se, não sei se pela ingenuidade e pureza do momento, se pelo significado que aquela serenata poderia ter para ele. Isso eu já não sei nem teria como saber. Eu adorei.
Noutro pavilhão, encontrámos uma artista que faz caricaturas. Eu e o meu pai já tínhamos feito há uns dois ou três anos, naquele mesmo sitio com a mesma senhora, e a minha irmã também quis. É possível uma caricatura só do rosto ou do corpo todo, associando assim a tua pessoa a um passatempo, um desporto, uma profissão... A minha irmã queria do corpo todo, mas não sabia o que escolher e até nos pediu sugestões. Eu sugeri ballet porque ela já praticou mas deixou. Acabou por ser uma escolha em cima do joelho e ficou pintora/artista porque ela tem muito jeito para artes manuais e gosta sempre de fazer experiências e assim. Aqueles momentos de sugestões e nada parecer a tal foi estranho e talvez um bocado triste, não sei se é a palavra correcta. Apercebi-me que na altura em que fiz a minha (e mesmo se fosse com a idade da minha irmã), eu soube muito bem ao que queria a minha caricatura associada e não havia espaço para dúvidas ou incertezas. Sentei-me naquela cadeira, a senhora perguntou-me o que queria e eu cheia de orgulho disse "nadadora, natação". O resultado foi muito giro e está pendurado cá em casa juntamente com a do meu pai. Fiquei mesmo satisfeita com o desenho, principalmente porque estávamos ali representados eu e a minha grande paixão, e é algo que vou levar comigo quando sair de casa. Claro que é um bocado normal, se nem eu sei ao certo o que sou e o que faço aqui, como é que a minha irmã com os seus 10 anos poderia escolher uma só coisa para ser associada? Mas pronto, agora que penso bem, também gostaria de ver uma caricatura minha a escrever. Podia até fazer uma colecção, cada vez que lá fosse, uma nova caricatura e depois encher um quarto com desenhos das minhas pequenas paixões. Como é que só me lembrei disto agora? Que acham?

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