domingo, 27 de janeiro de 2013

# I run and run as the rain come


Desespero. Sem mais forças, deixo-me cair onde o meu corpo me levou. O frio faz-se sentir, transpondo a barreira que as roupas deviam representar. A chuva incessante mistura-se com as lágrimas que me toldam o rosto, agora sem possível distinção, e lava-me também o espírito tentando acalmar-me, ao carregar consigo o máximo de tormentos possível para longe. O vento remexe os meus cabelos violentamente e movimenta-se como se tivesse uma missão a cumprir, com tamanha urgência e longe da compreensão, levando consigo todas as palavras que pudessem ser proferidas. Isto se algo eu dissesse. Rendida ao choro e a esta dor que me corrói por dentro, este vazio que se estende no meu interior, nada posso fazer do que envolver-me nos meus próprios braços e tentar controlar a respiração ofegante. Quero levantar-me, correr e deixar-me embrenhar pela escuridão, ser tomada por inteiro e não voltar atrás. Estes demónios assolam-me a mente e brincam com a minha sanidade. Nem forças para gritar tenho, enquanto estes sentimentos me consomem. Nada faço pois nada sei. Apenas fico ali mal amparada, observando a fúria da natureza e deixando-a invadir todo o meu alento, alimentando fugazmente este desejo de esquecer tudo e apenas recomeçar, ultrapassar toda esta mágoa intemporal, esta mortal necessidade de me aperfeiçoar. Preciso de tempo, mas esse não pára por mim. Esgotada e angustiada, tudo o que me resta é cobrar uns momentos só para mim, mesmo que nada me resolva, mesmo que nada mude e mesmo que nada volte aos trilhos. Só preciso de sossego, ouvir o vento sussurrar-me ao ouvido e respeitar a imponente água que vem do céu fazer-me companhia, sentir a força da terra e respirar o ar fresco e revitalizante, acreditar na natureza e interiorizar que a minha presença importa, seja no alto da colina ou no fundo dos oceanos, aqui ou ali, eu hei-de pertencer nalgum lado. Quando isso acontecer, vou poder levantar-me e fazer da minha vida a melhor que conseguir. Até lá... Ficarei aqui, implorando um pouco de tempo e, sem saber onde ir ou que fazer, recuperando forças nos confins da existência, espero realmente conseguir renascer e recuperar a paixão pela vida.

3 comentários:

Sophie disse...

Olá! É interessante que eu pensava que tinhas deixado o blogue porque não via no meu painel as tuas publicações, sabendo eu que te sigo. Contudo, hoje apercebi-me que, não sei como, não te seguia. o.O weird thing! Bem, vamos ao que interessa! Gostei tanto do teu texto, continuo a achar que escreves de uma forma soberba e com intensidade! Keep writing! *-* E sim, vou fazer mais vezes daquelas coisas ;) beijinho!

Sophie disse...

Oh, de nada! :D Sim, claro que sim! :D Diz-me lá a música que queres! ^^

Sophie disse...

Ok! :D Olha, a minha pode ser a Breath dos The White Birch ;)